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A transferência da administração dos negócios no agro para a próxima geração, ainda é um assunto que preocupa e, digamos, assusta aos fundadores. Essa transmissão pode ser desafiadora para as famílias empresárias rurais, uma vez que muitos obstáculos precisam ser superados. Neste artigo, vamos explorar os desafios específicos enfrentados pelas famílias empresárias no agronegócio, na transição de gerações e apresentar estratégias para facilitar a sucessão, garantindo a continuidade do legado familiar e dos empreendimentos.

De acordo com o último Censo Agrícola divulgado pelo IBGE, de 2017, 77% dos estabelecimentos agrícolas brasileiros são de famílias empresárias. Um outro estudo, da FDC, “Governança e gestão do patrimônio das famílias do agronegócio, diz que de 80% das empresas ativas no campo são lideradas pelos fundadores. 41% são administradas pela segunda geração e 16% pertencem à terceira geração.

O primeiro desafio na sucessão das propriedades rurais é manter a gestão do negócio em mãos adequadas. Muitas vezes, a próxima geração não está pronta para assumir a responsabilidade de liderar e gerenciar a negócio. Por isso, é importante planejar com antecedência e identificar quem será o sucessor na gestão. O ideal é que os sucessores passem por um processo de aprendizado gradual, para que possam adquirir as habilidades e a experiência necessárias para lidar com as responsabilidades.

Outro desafio é definir um plano de sucessão que proteja tanto a família quanto o negócio. É comum que os membros da família não tenham o mesmo nível de interesse e envolvimento no negócio agrícola e isso pode levar a conflitos e desavenças. É fundamental, portanto, que os planos de sucessão sejam negociados entre os membros da família e sejam claros e bem definidos para que todos saibam o que esperar e para onde a empresa está indo.

Além disso, muitas vezes é necessário mudar a estrutura jurídica ou tributária da empresa para garantir uma sucessão bem-sucedida. Por exemplo, a empresa pode precisar ser reorganizada para permitir que o negócio seja transferido sem gerar impostos excessivos ou para proteger os ativos da empresa. É importante compreender as leis tributárias e as questões jurídicas relacionadas à sucessão no agronegócio para garantir uma passagem tranquila e consciente.

Outro desafio comum é debater se o negócio deve ou pode ser passado para pessoas de fora da família (profissionais e mercado, por exemplo). Nesses casos, é importante determinar se o profissional precisa de treinamento específico antes de assumir a liderança, de forma a compreender e praticar a cultura daquela família. Em muitas situações, é útil ter uma equipe de apoio externa para ajudar a gerir as questões ligadas ao relacionamento familiar, garantindo a continuidade dos negócios.

Por fim, uma das boas práticas para uma sucessão bem-sucedida no agronegócio é ter um plano de aposentadoria/afastamento adequado para o fundador. O ideal é que os proprietários planejem sua saída dos negócios com antecedência, para que possam transferir o controle da empresa para a próxima geração de forma gradual, preparando-se financeira e psicologicamente para tanto. É importante que essa transição seja flexível e leve em consideração as necessidades de todos os envolvidos.

A sucessão no agro é um processo complexo que exige planejamento cuidadoso e paciência. Para garantir uma transição tranquila e bem-sucedida, é fundamental identificar e superar os desafios específicos enfrentados pelas famílias empresárias rurais. Estratégias como a preparação gradual dos sucessores, a definição de um plano de sucessão claro e a compreensão das questões jurídicas e tributárias são fundamentais para garantir a continuidade do legado familiar e dos negócios.

Com as estratégias certas, a sucessão pode ser uma oportunidade para que as famílias prosperem nos negócios e mantenham seu legado por muitas gerações.

Leonardo Resende

Sócio ABC