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O tema ESG (Environmental, Social and Governance / Governança Ambiental, Social e Corporativa) tem ganhado cada vez mais relevância no setor empresarial e em todo o mundo, principalmente quando o assunto é agronegócio. Essa abordagem envolve adoção de práticas sustentáveis e responsáveis nas operações das empresas, visando não apenas o lucro, mas também a preocupação com questões ambientais, sociais e de governança.

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, com destaque para a soja, carne bovina, café, açúcar e milho. O setor responde por cerca de 21% do PIB nacional e emprega mais de 18 milhões de pessoas. Na produção de frutas, ocupamos a 3ª posição, atrás apenas da China e Índia e em 2021 o Brasil registrou marcos importantes: foi o maior exportador mundial de soja do planeta, com 91 milhões de toneladas e terceiro maior produtor de milho e feijão.

Os dados são do recente estudo “O agro no Brasil e no mundo – edição 2022”, de autoria do pesquisador Elísio Contini e do analista Adalberto Aragão, ambos da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que se basearam na plataforma FaoStat, da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

A crescente régua do agro no Brasil mostra como as questões ligadas à ESG são ainda mais significativas para os produtores brasileiros.

Um estudo realizado pela consultoria McKinsey & Company (https://www.mckinsey.com/capabilities/strategy-and-corporate-finance/our-insights/five-ways-that-esg-creates-value/pt-BR ) mostra que a adoção de práticas ESG – Environmental, Social and Governance / Governança Ambiental, Social e Corporativa – pode trazer benefícios significativos para empresas do agronegócio. Empesas que adotam práticas sustentáveis têm desempenho financeiro superior em relação às empresas que não a fazem, além de terem maior resiliência às mudanças climáticas e às pressões regulatórias.

“O investimento voltado à ESG teve um crescimento meteórico e hoje o valor global destinado à sustentabilidade chega a $30 trilhões” – McKinsey & Company.

Outro estudo, realizado pela EMBRAPA, mostrou que a adoção de práticas sustentáveis no agronegócio pode trazer benefícios significativos para a produtividade e rentabilidade das propriedades rurais. De acordo com o estudo, a adoção de práticas de manejo do solo, por exemplo, pode aumentar a produtividade em até 30% e reduzir os custos em até 50%.

Além dos benefícios ao meio ambiente, a prática ESG no agronegócio também traz adições sociais, como a melhoria das condições de trabalho e respeito aos direitos humanos. Um exemplo disso é a adoção de práticas de trabalho seguro e combate ao trabalho escravo, como vemos atualmente por meio dos noticiários, em muitas propriedades rurais.

Desafios ainda estão à margem deste caminho e um deles é a falta de transparência nas operações das empresas, que dificulta a avaliação do desempenho ESG do setor e a adoção de práticas sustentáveis, que também requer investimentos significativos em tecnologias e infraestrutura, o que pode ser um obstáculo para algumas empresas, especialmente as de pequeno porte.

No entanto, esses desafios não devem ser impedimento para a prática ESG no agro. Ao contrário, empresas do setor devem mirar na oportunidade de inovação e diferenciação no mercado. Empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis podem se beneficiar de uma maior reputação e credibilidade junto aos consumidores e investidores, além de terem um desempenho financeiro superior a longo prazo.

Um exemplo de empresa do agro que tem adotado práticas ESG é a Marfriq, uma das maiores produtoras de carne bovina da América do Sul e líder global na produção de hambúrgueres (222 mil toneladas anuais). Seu faturamento em 2020 foi de R$ 67,5 bilhões, 35,3% acima do ano anterior. A empresa tem colocado em prática o manejo sustentável da terra, redução do desmatamento e combate ao trabalho escravo em suas operações, além de ter compromissos ambiciosos de redução de gases de efeito estufa.

“A prática ESG tem se tornado uma demanda global, com mercados cada vez mais ligados ao tema. Produzir e conservar é um desafio, mas que já faz parte da nossa essência. É a transparência em todos os processos que agrega para a cadeira pecuária e para os consumidores, que estão cada vez mais interessados em um consumo consciente e sustentável.” – Miguel Gularte, CEO de operações da América do Sul.

A magnitude do percurso ESG ultrapassa modismo ou exercício de bem-estar. Uma proposta sólida voltada a esse assunto impulsiona empresas a novos mercados e vislumbra ações que impactam diretamente no futuro de todos nós.

Gustavo Carvalho

Sócio ABC Consult

Prof. FDC

Mestre em Direito