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O fim do ano chegou e com ele toda a expectativa sobre como vai ser o ano de 2024. No ano passado (texto aqui) e no início desse ano (texto aqui), tentamos contextualizar as grandes divergências entre as diversas projeções de mercado e o efetivamente ocorrido.

Foco no relatório FOCUS

O Relatório FOCUS é um compilado semanal feito pelo Banco Central a partir das projeções feitas por diversas instituições e agentes do mercado financeiro. No encerramento de 2022, se alguém consultasse o ‘pulso’ do mercado sobre as expectativas para 2023, o Relatório FOCUS indicaria que a inflação encerraria o ano em 5,31%, o PIB teria um modesto crescimento de 0,8%, e a taxa Selic estaria em 12,25% ao ano.

Agora, ao voltarmos a essas projeções com base nos números concretizados até novembro de 2023, percebemos uma realidade diferente. A inflação caminha para encerrar o ano em torno de 4,54%, o PIB surpreende com uma ascensão não esperada de 2,84%, e a Selic deverá terminar o ano em 11,75%.

Dentro dos principais dados macroeconômicos analisados, observa-se que as taxas de juros foram as que mais se aproximaram das expectativas. Os números do final de 2023 nos lembram que as projeções são apenas projeções e são modificadas por uma série de eventos não imaginados à priori. Quem imaginaria, por exemplo, a fraude nas Americanas, ou os avanços significativos do processo da reforma tributária no Brasil. 

O Brasil no final de 2023 – Alguns resultados melhores que o esperado.

No encerramento de 2022, os temas que dominavam as discussões entre os analistas econômicos eram o fim teto de gastos, a necessidade de um novo arcabouço fiscal, o controle da progressão da dívida pública, o nível das taxas de juros e a independência do Banco Central.

Essa temática intensificava a incerteza em relação ao cenário macroeconômico brasileiro.

É evidente a melhoria nos indicadores que medem a inflação, como o IPCA e o IGP-M. É também surpreendente que a inflação deva terminar o ano dentro do limite superior da meta estabelecida de 4,75%.

Apesar da intensa aplicação da política monetária no combate à inflação, como a manutenção da taxa de juros Selic em patamares restritivos à atividade econômica, tais medidas não afetaram significativamente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Este apresentou resultado positivo, impulsionado pela notável contribuição do agronegócio, que desempenhou um papel fundamental no forte crescimento do primeiro trimestre do ano.

Entretanto, vale destacar que, mesmo com a inesperada performance no primeiro semestre do ano, o segundo semestre de 2023 evidencia uma clara desaceleração.

* Com a divulgação do PIB do 3º. Trimestre em – 04/12, acima do esperado, o Ministério do Planejamento estima um crescimento de 3,1% para 2023.

Brasil em relação ao mundo

Apesar de toda a preocupação com o futuro da taxa de câmbio em 2023, o real se apreciou. É notável a disparidade entre a projeção do Focus em 2022 e os patamares atuais do câmbio, apesar de se tratar de uma das variáveis macroeconômicas mais voláteis.

Dado a expectativa de um cenário tumultuado em 2023, era esperada uma valorização do dólar frente ao real. Entretanto, o Brasil se destacou ao impulsionar sua balança comercial, ao mesmo tempo que registrou uma redução nos investimentos diretos no país.

O que esperar de 2024 – Será que conseguimos acertar agora?

Agora que examinamos as diferenças entre as expectativas dos agentes econômicos entre 2022 e o efetivamente atingido em 2023, apresentamos as projeções para 2024.

As expectativas incluem que a inflação se aproximará ainda mais da meta estabelecida pelo Banco Central; redução do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB); a continuidade de um dólar valorizado; a melhoria do resultado primário brasileiro e a redução da taxa de juros.