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No cenário atual do agro brasileiro é imperativo que os produtores rurais e empresários do setor adotem uma postura proativa e estratégica. Como especialista tributário e contador, atendendo famílias empresárias do agro há 15 anos, tenho observado de perto as nuances e oportunidades que surgem quando o planejamento tributário é integrado de forma inteligente à gestão do negócio e ao processo sucessório.

O agro enfrenta uma carga tributária que, embora tenha suas particularidades e benefícios setoriais, ainda representa um desafio significativo para a competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos rurais. É neste contexto que o planejamento tributário entra como uma ferramenta de economia fiscal e instrumento estratégico de perpetuação do negócio familiar. Conversei sobre esse tema com meu sócio Ronaldo Behrens advogado e professor da FDC assista:  https://youtu.be/S6aBm5pNDCs?si=ikkByQM6LZLtSAwF

Ao longo de minha trajetória acadêmica e consultiva, tenho constatado que as famílias do agro que conseguem alinhar suas estratégias tributárias com uma visão de longo prazo, considerando a sucessão, são aquelas que sobrevivem e prosperam em meio às turbulências do mercado. O planejamento tributário, quando bem executado, vai muito além da mera redução de impostos; ele cria estruturas que facilitam a transição geracional, protegem o patrimônio familiar e otimizam a eficiência operacional do negócio.

É interessante observar como a interseção entre tributação e sucessão (leia mais https://somosabc.com.br/a-sucessao-no-agro-desafios-e-boas-praticas-para-o-futuro-da-familia-e-dos-negocios/ ) pode moldar o futuro de uma empresa familiar do agro. Por exemplo, a escolha adequada do regime tributário além de impactar nos resultados financeiros imediatos, pode facilitar ou complicar a transferência de ativos para a próxima geração. Uma estruturação societária inteligente, que leve em conta as nuances fiscais e sucessórias, pode ser a diferença entre uma transição suave e conflitos familiares que ameaçam a continuidade do negócio.

Tenho visto casos inspiradores de famílias que, ao adotarem uma abordagem holística do planejamento tributário, conseguiram reduzir significativamente sua carga fiscal e criar mecanismos de governança que prepararam o terreno para uma sucessão bem-sucedida. Estas famílias entenderam que o planejamento tributário não é um evento isolado, mas um processo contínuo que deve evoluir com o negócio e as gerações.

Um aspecto particularmente intrigante deste processo é como o planejamento tributário pode ser utilizado como uma ferramenta educacional para os sucessores. Ao envolver as novas gerações nas discussões e decisões sobre estratégias fiscais, as famílias transmitem conhecimento técnico, valores e princípios de gestão responsável. Este engajamento precoce tem se mostrado fundamental para cultivar lideranças capazes de navegar pelos complexos desafios do agro moderno.

No entanto, é importante mencionar que o planejamento tributário no contexto do agronegócio e da sucessão familiar não é uma ciência exata, nem deve ser abordado de forma padronizada. Cada família, cada negócio tem suas peculiaridades, sua cultura e seus objetivos únicos. O verdadeiro desafio – e, devo dizer, a verdadeira arte – está em criar soluções personalizadas que respeitem essas individualidades enquanto maximizam as oportunidades fiscais e sucessórias.

À medida que agro evolui, impulsionado por inovações tecnológicas e mudanças no cenário global, o papel do planejamento tributário se torna ainda mais crítico. As famílias empresárias do agro que conseguirem integrar efetivamente estas estratégias em seu DNA organizacional estarão preparadas para enfrentar os desafios atuais e, em consequência, posicionadas para capitalizar as oportunidades futuras.

Em minha experiência, as discussões mais produtivas sobre planejamento tributário e sucessão no agronegócio começam com uma questão essencial: “Como podemos estruturar nossas operações rurais com a máxima eficiência tributária?” Esse questionamento vai além da simples economia de impostos, abrindo espaço para reflexões estratégicas sobre a sustentabilidade do negócio, a preservação do patrimônio e a competitividade no setor.

Leonardo Resende

Sócio ABC / Advogado, contador, especialista tributário