Skip to main content

Muitas famílias empresárias enfrentam a difícil escolha de contratar um CEO externo ou manter a liderança dentro da família. A contratação de um CEO não-familiar pode trazer muitos benefícios para os negócios, mas também apresenta seus próprios desafios únicos.  

Contratar um CEO não-familiar pode trazer novas ideias e perspectivas de gestão para a empresa, bem como trazer habilidades e conhecimentos específicos que faltam dentro da família. Além disso, um CEO externo é capaz de tomar decisões sem enviesamentos familiares, o que pode ajudar a empresa a se tornar mais competitiva no mercado. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Farleigh Dickinson University, empresas gerenciadas por CEOs externos tiveram uma maior probabilidade de sucesso a longo prazo do que aquelas gerenciadas por membros da família. “Com base na análise de desempenho de receita da PwC, entre as 100 maiores empresas familiares não listadas em todo o mundo, empresas familiares administradas por executivos externos cresceram em 7%, em média, entre 2015 e 2019, enquanto aqueles administrados por membros da família proprietária cresceram apenas em 4,9%. Mas nem todas as empresas familiares têm melhor desempenho sob gestão não familiar.” – PWC – Making external executives successful in family businesses. 

Embora a escolha de um CEO não-familiar possa trazer vantagens significativas para os negócios, é importante reconhecer que também pode introduzir desafios distintos para as famílias empresárias. O CEO externo enfrentará o desafio de estabelecer uma relação de confiança não apenas com a família proprietária, mas também com os outros executivos da empresa, além de se ajustar à cultura organizacional. É possível que alguns membros da família se sintam excluídos ou percebam ameaças com a chegada do novo CEO, o que, por sua vez, pode desencadear conflitos internos. 

Existe uma diferença notável em competências e experiência entre a geração atual e a subsequente na família?  

Se a resposta for afirmativa, um CEO externo pode ser a solução temporária ideal. Muitas vezes, a próxima geração busca urgentemente mentores e treinadores e é possível que os pais, os fundadores, enfrentem mais desafios nesses papéis do que alguém de fora da família. Além disso, os membros da próxima geração podem encontrar mais facilidade em receber orientações de alguém que não seja um dos fundadores. 

Já o desenvolvimento de liderança é um processo de longo prazo que cultiva conjuntos de habilidades por meio de treinamento e experiência prática. Os proprietários ou gestores da geração mais sênior, frequentemente se afastam gradualmente do controle diário do negócio. Ao contar com um CEO não familiar, eles têm a oportunidade de permanecer envolvidos no conselho, ao mesmo tempo em que ganham mais tempo para explorar opções de transições ou redefinições de papéis.  

A próxima geração de líderes em empresas familiares necessita de orientação, suporte na definição e alcance de metas, feedback regular sobre o desempenho do negócio e a chance de enfrentar desafios de forma incremental. CEOs não familiares geralmente trazem consigo experiência em grandes empresas, onde o planejamento estratégico, o orçamento e as avaliações de desempenho são integrados à cultura empresarial. 

Eles podem aplicar essa experiência para profissionalizar sistemas e apoiar o processo de aprendizagem da próxima geração, ao mesmo tempo em que impulsionam os negócios. 

Contratar um CEO não-familiar pode trazer muitos benefícios para as empresas familiares, incluindo novas perspectivas e habilidades de gestão e reduzir os enviesamentos familiares nas decisões. No entanto, a contratação de um CEO externo apresenta desafios únicos, que requerem confiança, comunicação e adaptação à cultura empresarial.  

As empresas familiares que estão em busca de sucesso a longo prazo devem considerar a contratação de CEOs externos cuidadosamente e com as expectativas realistas. Eles devem ser inseridos no negócio para multiplicar, não para dividir.  

Bruno Nogueira  

Sócio ABC  

MIT Sloan Fellow